Caso Jeff Machado: pedreiro diz que foi contratado para cavar cisterna e coagido a esconder corpo no local

Jeander Vinícius e Bruno Rodrigues são réus pela morte do ator; relembre o crime

Jeander Vinícius foi indiciado pela morte do ator Jeff Machado Foto: Reprodução/Instagram - Montagem publicanews.com.br

Acusado de matar Jeff Machado, Jeander Vinícius da Silva Braga, de 30 anos, afirmou que no dia do crime ele cavava a cisterna onde o corpo do ator foi enterrado, em Campo Grande. Ele, que se apresenta como pedreiro, conta ter sido contratado por Bruno Rodrigues, também réu do crime, para fazer reformas na casa. As declarações foram dadas na última audiência de instrução do caso, que aconteceu nesta sexta-feira, 26.

Segundo informações obtidas pelo jornal O Globo, Jeander depôs que estava na casa no momento em que o assassinato aconteceu. Ele narra que foi tomar banho depois de terminar de cavar a cisterna, pois estava sujo de terra. Ao sair do chuveiro, entrou no quarto da residência e viu Jeff morto ao pé da cama. Ele teria perguntado ao Bruno “O que você fez, cara?”, e o produtor de TV respondeu: “Agora você está comigo, é isso aí”.

Jeander explicou que complementava a renda de pedreiro fazendo programas e participando de filmes adultos. Ele e Bruno teriam se conhecido em meados de 2022 e se encontrado de quatro a cinco vezes na época, estabelecendo uma amizade. Até que em dezembro daquele ano o produtor comentou sobre a reforma de uma quitinete alugada por um amigo.

As obras teriam começado em janeiro de 2023. Jeander teria que trocar janelas e pisos, o portão de entrada e construir uma cisterna no quintal. Ele receberia R$ 1 mil pelo serviço.

De acordo com as investigações da Polícia Civil, Jeff Machado foi morto no dia 23 de janeiro.

De acordo com as investigações da Polícia Civil, Jeff Machado foi morto no dia 23 de janeiro.
Foto: Reprodução/Instagram/@jeffmachadocosta

Como conheceu Jeff

O pedreiro conta que, na semana que trabalhou no terreno onde o crime aconteceu, chegou a fazer dois programas com pessoas conhecidas. Até que no dia 23 de janeiro teria recebido a proposta de  Bruno para gravar um vídeo erótico com um homem chamado Jeff.

O acordo era de que, após terminar a obra, Bruno e Jeff iriam até a casa buscar Jeander e os três iriam para a casa do ator, em Guaratiba. Foi então que, ao chegar na casa com Jeff, Bruno teria cometido o assassinato e coagido Jeander a ajudar na ocultação de cadáver.

Relembre o caso

Em julho passado, a Polícia Civil do Rio de Janeiro concluiu o inquérito sobre a morte do ator Jeff Machado, e indiciou Bruno de Souza Rodrigues e Jeander Vinicius da Silva Braga por desaparecimento, homicídio e ocultação de cadáver. Uma terceira pessoa foi indiciada por maus-tratos aos cachorros da vítima.

O corpo de Jeff foi encontrado amarrado e concretado dentro de um baú de madeira, enterrado em um terreno no bairro Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, após quatro meses do seu desaparecimento. De acordo com as autoridades, Jeff foi morto por motivo fútil. Tanto Bruno quanto Jeander estão presos desde junho.

Conforme o inquérito, a Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) indiciou Bruno por oito crimes: homicídio triplamente qualificado por motivo fútil, asfixia e impossibilidade de defesa da vítima; ocultação de cadáver; estelionato e tentativa de estelionato; furto; invasão de dispositivo informático; maus-tratos a animais e falsa identidade.

Já à Jeander, foi imputado homicídio triplamente qualificado por motivo fútil, asfixia e por impossibilidade de defesa da vítima; ocultação de cadáver e maus-tratos a animais. O responsável pelo centro espírita, para onde os cachorros do ator foram encaminhados, no bairro Palmares, foi indiciado pelo crime de maus-tratos a animais. Segundo a Polícia, os animais sofreram maus-tratos físicos e psicológicos.

Desaparecimento

O registro de desaparecimento do ator foi feito em 27 de janeiro, quatro dias após sua morte, quando familiares e amigos estranharam a falta de informações e contatos feitos por Jeff. A partir da comunicação, a Polícia deu início às investigações, na qual coletaram depoimentos e imagens de câmeras de monitoramento, até que identificaram os dois suspeitos, Bruno e Jeff. 

O primeiro suspeito é ex-produtor de TV e recebeu do ator R$ 18 mil para que ele fizesse parte do elenco de uma novela, um sonho antigo de Jeff. Com a promessa mentirosa, Bruno temia que o ator cobrasse o dinheiro de volta, e por isso planejou o crime. A casa onde o corpo do ator foi localizado foi alugada em nome de Bruno. Ele teria agido com ajuda do garoto de programa Jeander.

Diante das evidências, foi determinada a prisão dos dois. Jeander foi preso no dia 2 de junho, no bairro Santíssimo, Zona Norte do Rio. Os agentes continuaram as buscas pelo segundo autor. Bruno foi detido durante ação conjunta de agentes da DDPA, da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e de policiais militares da UPP do Vidigal, no dia 15 de junho. Ele estava com as malas prontas para fugir.

Dinâmica do crime

Conforme apontam as investigações, a vítima foi dopada, asfixiada e estrangulada com um fio de telefone. O corpo foi colocado em um baú do próprio ator, enterrado e concretado no imóvel alugado por Bruno, em dezembro de 2022, exclusivamente para ocultar o cadáver.

Após ser morto, Jeff foi transportado e enterrado por Jeander até o imóvel alugado. A DDPA concluiu também que o ex-produtor de TV tentou vender o carro de Jeff e efetuou compras com os cartões da vítima no total de R$ 7 mil. Os autores também furtaram telefones, notebook, jaquetas de couro e televisão do ator.

Os oito cachorros do ator foram encaminhados para um centro espírita da cidade, onde permaneceram em condições de maus-tratos físicos e psicológicos. Depois, foram abandonados na rua, o que também despertou atenção dos parentes e amigos da vítima na época de seu desaparecimento.

Para encobrir o assassinato, Bruno teve acesso ao telefone de Jeff e manteve contato com a mãe dele e amigos, se passando pelo ator. Ele também utilizou as redes sociais da vítima para fazer postagens falsas.