22/10/2023 às 12h01min - Atualizada em 22/10/2023 às 12h01min

Silenciosa e preocupante: doença emergente comum em cães e gatos pode afetar seres humanos

Por Cristovão Santos*
https://www.cadaminuto.com.br
Cortesia

Causada pelo fungo Sporothrix schenckii e de caráter infeccioso, a esporotricose é uma doença emergente que vem se destacando como uma preocupação de saúde pública em várias regiões do mundo, que vem afetando não só animais, mas também seres humanos. A doença, inclusive, é bem comum em países de clima tropical e subtropical.

Em nota (N° 60/2023), o Ministério da Saúde recomenda aos Estados e municípios brasileiros que haja atenção e vigilância a essa doença em todo o país, com a notificação poderá ser feita até pelo cidadão, uma vez que a comunidade tem importância no combate juntamente com a Vigilância em Saúde.

Sobre o tema, o Cada Minuto conversou com a médica veterinária, Dra. Paula Nunes, que explicou mais detalhes sobre a doença. Segundo Paula, a doença atinge principalmente os felinos, “mas que pode também afetar cães e seres humanos”. Ela detalha ainda que o fungo causador da micose é encontrado na natureza, “principalmente no solo, casca de árvore e espinho de plantas”. Tal condição, inclusive, fez com que a doença ficasse conhecida como “doença do jardineiro” ou “doença da roseira”.

Quanto aos sintomas, a médica veterinária explica que os principais são: feridas cutâneas (na pele) hemorrágicas, com secreção e com dificuldade na cicatrização.

“Sem tratamento podem evoluir e atingir o sistema linfático e chega até os ossos, causando quadros extremos de dor, levar a infecções oportunistas e nesses casos mais extremos levar o animal a óbito. Os locais mais comum de ser observadas esses feridas são a cabeça, os membros e a região lombar, os animais perdem apetite, apresenta quadro febril, perda de pelos, ficam triste e podem apresentar dificuldade respiratória”, explicou Paula Nunes.


Dra. Paula Nunes, médica veterinária / Foto: Cortesia / Arquivo pessoal 
 

Como a doença é causada?

Paula explica ainda que a Esporotricose é transmitida por animais que tem contato com a rua, principalmente animais que vivem nas ruas e também aqueles que, apesar de terem tutores, também tem acesso às ruas.

“Como esse fungo está em material orgânico, principalmente no solo, em cascas de árvores e em espinhos de plantas os animais se contaminam ao enterrar as suas fezes no solo, ao afiar as suas unhas (que é um hábito natural do gato) em troncos de árvores ou se ferindo em espinhos, além de brigas com outros gatos contaminados, que normalmente acontecem por disputas por fêmeas no cio, por território ou por comida”, disse a médica veterinária.

Em 2023, entre os meses de janeiro a setembro, foram registrados 227 casos da doença em Maceió. Apesar da notificação ao poder público não ser de caráter obrigatório, o número de casos totalizados até o o momento já supera o do ano passado, quando houveram 125 casos confirmados em 2022 na capital alagoana, sendo 123 em animais e dois em humanos – em 2023, 206 animais e 21 humanos foram notificados com a doença, respectivamente.

Entretanto, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, não é possível afirmar que houve de fato um aumento de 2022 a 2023, uma vez que os casos são subnotifcados, já que não existe a obrigatoriedade da notificação. Sendo assim, é possível que no ano passo possa ter havido uma quantidade ainda maior do que aquela que se tem conhecimento.

Confira abaixo, na íntegra, mais trechos da entrevista com Paula Nunes:

Qual a melhor forma de tratamento?

– O animal contraindo a doença, o principal é levar com urgência a um Médico Veterinário que só ele através de avaliação clínica e exames laboratoriais poderá diagnosticar e, assim, estabelecer um tratamento que consiste em isolamento desse animal, que será tratado apenas por uma pessoa responsável sempre com uso de luvas descartáveis, e fará uso de antifúngicos. Dependendo das infecções oportunistas, fará uso também de antibióticos e medicações de suporte para melhorar a imunidade, boa alimentação e pomada locais.

Essa doença pode ser considerada grave?

– A esporotricose é uma doença muito grave, pois ela é uma zoonose, o que quer dizer que ela pode ser transmitidas para os humanos, onde os tratamento são longos e causando muitas dores. Também pode ser transmitidas aos cães.

Qual a melhor forma de prevenção?

– A melhor forma de prevenir a esporotricose em cães e gatos é o governo promover campanhas de castração em massa, para a médio e longo prazo diminuir a quantidades desses animais na rua, se expondo ao fungo, se contaminado e transmitindo não só essa doença como outras também importantes. Para os tutores que tem os seus pets, principalmente gatos, pois como falei, tem hábitos que levam a uma maior facilidade de contaminação, é não permitir que esses pets tenham acesso a rua sem acompanhamento, para evitar contato com animais de rua e ambientes com possível contaminação. Aparecendo qualquer sintoma, procurar imediatamente um Médico Veterinário.

Quais os principais riscos em relação a essa doença? Existem sequelas?

– Os principais risco dessa doença são a demora em um diagnóstico. Na maioria das vezes os tutores acham que são apenas feridas comuns e começam a tratar em casa, deixando a doença evoluir e se contaminado. E com essa evolução, os tratamentos são cada vez mais complicados, porque evolui para as formas mais graves da doença e os tratamentos que são longos, envolvendo isolamento e muito cuidado para o humano responsável não se contaminar. Após o tratamento e até durante o tratamento, já vemos uma melhora. A doença tem cura e as sequelas só são observadas em casos extremamente graves.

Tratamento em humanos

O método utilizado no tratamento para a esporotricose vai depender do estágio clínico que a doença se encontra e do estado imunológico, que varia de paciente para paciente. Vale ressaltar jamais o paciente deve se automedicar ou interromper o uso de um medicamento sem antes consultar um médico.

Contato

Caso o indivíduo esteja com suspeita de ter contraído a doença, ou já esteja em tratamento ou queira apenas solucionar dúvidas sobre o tema e melhores orientações sobre como agir com um pet que esteja com a esporotricose, o telefone para obter maiores detalhes do Plantão Unidade de Vigilância de Zoonoses – UVZ é: (82) 98882-8240.

Tanto em animais como em humanos, a doença tem cura, e quanto mais rápido o diagnóstico, maiores as chances de ter sucesso no tratamento, que varia de caso para cara, conforme a condição clínica de cada animal e indivíduo.

*estagiário com supervisão da editoria 


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